NINGUÉM QUER COMPROMISSO! PORQUE?
Afinal: qual o motivo da fuga da responsabilidade em assumir algum compromisso?
NINGUÉM QUER COMPROMISSO! PORQUE?
A modernidade trouxe desafios para a Igreja e a evangelização, aos quais não estávamos habituados a presenciar no passado, simplesmente porque esses novos desafios eram menos preponderantes ou quase inexistentes. Uma dificuldade que as comunidades, paróquias, pastorais e movimentos enfrentam, em diversas formas, é a ausência de pessoas para assumirem responsabilidade e compromisso; e isso dificulta a evangelização. Mas, porque isso acontece?
Primeiramente, não é verdade que “ninguém” quer assumir compromisso! Há muitas pessoas que assumem responsabilidades e fazem com zelo e dedicação, por amor a Deus e a Igreja. Contudo, vivemos numa sociedade de decepções, com muitas pessoas desanimadas de tudo, famílias destruídas pela enfermidade, pelo divórcio, pelas drogas; a grande maioria das pessoas não quer ter responsabilidade, e isso não é exclusividade da Igreja, mas também é presenciado em associações, empresas, conselhos, escolas, sindicatos, etc.
A segunda questão a ser dita, e isso diz respeito diretamente às comunidades paroquias, é que as pessoas assumem muitas responsabilidades, e ficam sobrecarregadas. Por um lado, muitas famílias estão fechadas em pequenos círculos de convivência, sem interações sociais em comunidades com pessoas de grupos diferentes do seu; e por outro lado, a crise da modernidade criou a ilusão de um mundo “conectado”, que até existe, porém apenas virtualmente: no mundo real o egoísmo e o individualismo social é evidente. Essas situações geram a ausência de vínculos de pertença à comunidade paroquial; não se sentem membros, por isso, para essas pessoas, não faz sentido assumir algum compromisso. O resultado é que os poucos que assumem, têm maior carga de responsabilidade.
O
mundo do trabalho ocupa muito tempo do dia a dia das famílias; o individualismo
não permite assumir compromisso que leve ao protagonismo; a grande maioria
prefere permanecer numa atitude passiva do que ser responsável por coordenar um
grupo ou conselho, etc., por achar que é algo dificílimo, que não tem
capacidade, ou porque conhece pouco sobre a doutrina da Igreja, entre outros
motivos. Devemos considerar ainda que existem muitos monopólios: pessoas que
centralizam as funções e serviços, não dão espaço para os outros, alegando que “ninguém”
quer ajudar em nada; todavia, essas mesmas pessoas entendem a Igreja como uma
estrutura de poder, e evitam convidar outras para assumir responsabilidades,
porque tem medo de perder o “poder” e serem substituídas por quem pode fazer
melhor do que elas; esse tipo de atitude gera um ambiente de exclusão, mesmo
dentro de uma comunidade cristã. Dificilmente alguém assumirá alguma
responsabilidade quando não se é convidado, e onde o ambiente não é acolhedor.
O
Brasil é um país de maioria católica, entretanto, não é o país de maior prática
do catolicismo. Cerca de 57% das pessoas se dizem católicas, o que soma um
pouco mais de 117 milhões de fiéis (pesquisa Datafolha 21/07/2013). Mas, a
porcentagem de fiéis que são praticantes é bem menor: 17% participam
semanalmente, cerca de 20 milhões de fiéis. As nossas paróquias nem sempre
estão cheias, mesmo aos domingos. É evidente que uma missa lotada de fiéis não
é sinônimo de fé autêntica, porém, em consequência, com menor quantidade de fiéis praticantes,
aumentam as tarefas e funções para aquelas mesmas pessoas, porque há menos fiéis
participantes e ainda pouco dispostos a assumi-las.
Encontrar
pessoas para colaborar com as ações da Igreja é desafiador. O que é mais
cômodo? Não procurar outras pessoas, não trocar a coordenação, conselho, etc.
Continuar sempre com as mesmas pessoas nas mesmas funções. Isso é mais cômodo,
dá menos trabalho pastoral. Por isso, há muitos leigos assumindo as funções
clericais e muitos clérigos assumindo funções próprias dos leigos. As funções
desempenhadas dentro da comunidade não são cargos de poder, mas serviços em
favor da Igreja, corpo místico de Cristo e povo de Deus. Quando somos
conscientes de nossa missão, a fé é testemunhada, a Igreja caminha unida, a
evangelização acontece.
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